O tema de hoje é: Gastrite Autoimune – GAI
CASOS DE ANEMIA FERROPRIVA SEM EXPLICAÇÃO + AP COM GASTRITE ESPECIAL SUGESTIVA DE GAI!
De longe a principal causa de gastrite crônica em todo o mundo é a bactéria H. pylori; outro tipo menos frequente de gastrite, a Gastrite Auto-Imune-GAI, não é incomum na nossa população e tem diagnóstico objetivo através da Histopatologia de biópsias gástricas, vistas por patologista especializado. Resumidamente, ocorre inflamação e destruição da mucosa gástrica oxíntica (fundo e corpo) por auto anticorpos, o que leva a perda da acidez gástrica normal, podendo ocorrer deficiência de absorção de vitamina B12 e de ferro- resultando em anemia. A GAI também é fator de risco para dois tipos de neoplasia gástrica, e deve ser acompanhada adequadamente por endoscopista conhecedor do sistema Olga (mapeamento).
As pesquisas apontam incidência da GAI em até 5% da população, mais frequente entre as mulheres e entre pessoas idosas. GAI ocorre igualmente em descendentes de europeus, afrodescendentes e latinos, e não raro se associa a outras doenças autoimunes como Diabete tipo I, tireoidite linfocitária, vitiligo, celíaca, entre outras.
Grande é a contribuição do patologista gastrointestinal no diagnóstico e acompanhamento de casos de GAI, ao reconhecer nas lâminas histológicas o processo de destruição imune mediada das células especializadas gástricas, e detecta também as possíveis complicações da GAI.
Os testes de pesquisas no soro: APCA (anticorpo anti-cel. Parietal), anticorpo anti F.I., pesquisa de hipergastrinemia, estão entre as principais informações da patologia clínica.
Nas biópsias gástricas endoscópicas o histopatologista especializado detecta a atrofia oxíntica progressiva, que torna a mucosa do corpo e fundo aplainado irregularmente, sendo necessário biopsiar as áreas polipoides e não polipoides. As alterações histopatológicas são progressivas e divididas em quatro etapas, tornando-se mais específicas a partir da segunda etapa, cujos fenômenos inflamatórios e degenerativos agridem preferencialmente a mucosa oxíntica, levando a atrofia e metaplasia. É importante a negatividade do H. pylori, sendo que, mais raramente, na sua presença, o aspecto histológico se torna menos específico. A pesquisa Imunohistoquímica pode ser de grande valia para a avaliação em patologia GI (pesquisa de cel. G produtoras de gastrina e os marcadores neuroendócrinos cromogranina-sinaptofisina).
Referências
Referências Minalyan A et al. Autoimmune atrophic gastritis: current Perspectives Clin Experim Gastroenterology 2017:10 19–27 Sepulveda AR, et al. Practical approach to the pathologic diagnosis of gastritis. Arch Pathol Lab Med. 2008;132(10):1586–1593. Hershko C et al. Role of autoimmune gastritis, Helicobacter pylori and celiac disease in refractory or unexplained iron deficiency anemia. Haematologica. 2005;90(5):585–595. Park JY et al. Review of autoimmune metaplastic atrophic gastritis. Gastrointest Endosc. 2013;77(2):284–292. Neumann WL et al. Autoimmune atrophic gastritis – pathogenesis, pathology and management. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2013;10(9):529–541.
Abraço
Dr. José Ederaldo Queiroz Telles
CRM 6525